Somos Nós: Maria Dulce Horta
Porque sou sensata, consciente, e tenho medo, tenho de aceitar os tempos que estamos a passar. Estou a fazer o meu papel numa luta diária a combater uma Pandemia! ui!!!
Não quero saber do futuro, o futuro é hoje, porque a nossa vida muda de uma hora para outra..
No momento presente tenho vergonha de dizer o que vou dizer mas é a verdade... Nunca dei conta que sou uma felizarda, não percebia que tinha um espaço, uma casa com sol por todos os lados ar puro, comer e mais coisas, era tudo tão normal, que foi preciso estar confinada há 38 dias... em casa para me aperceber de tudo isto...
No entanto fico furiosa com quem vou encontrando dentro de supermercados sem protecções pois "só acontece aos outros".. considero uma falta de respeito para o próprio e para com os outros. Isso sim é o que me faz mal, a estupidez humana e a falta de senso!
Claro que, apesar de gostar de estar em casa, mas em isolamento e saber que não devo sair, ouvindo que este vírus está para ficar, fico arrepiada... enfim! sinto falta da parte social muito mesmo... mas nada de dramas, nem de infelicidades...
E agora talvez ajude a perceber que não estás sozinha no mundo da solidão!
E AGORA...
Agora que te surpreendes
Na ausência do grupo de amigos que julgavas ter
Agora que evocas tanto o passado
Agora que te admiras como transpuseste todos os obstáculos que tiveste até então.
Agora que vês que não consegues controlar a tua vida...
Contempla, pois, o voo da passarada, o sol, a chuva e até o vento...
O serpentear da bicharada por entre as ondulantes e precárias pedras da calçada...
E vê como eles avançam sobre nós,
sentindo a nossa humilde condição e fraqueza....
Observa quem te poderá levar, outra vez, à leveza de uma vida...
Mas, agora, meu amigo
Em plena peleja
De que vale ter tanto?
Cheira as flores que se anunciam na, apesar de tudo, Primavera...
Escuta as aves que se regozijam na entrega de um renovar da espécie...
Usufrui do tempo que não tiveste, ou julgaste não ter,
Tempo que se esgota, a cada instante, saboreia esse tempo, essas oportunidades que já não voltam.. Não aceites a solidão, nunca a deixes entrar...
Nesta prisão em que todos somos obrigados a viver, e aprende a ser feliz, cria, inventa, corre, grita, ri, com o que tens, porque nada é por acaso...
E a vida nunca mais será como era...
Beijos, abraços, cuidem-se e sejam felizes