Somos Nós: Cláudia Brás

Sempre gostei muito de estar em casa. Talvez por sempre ter tido a sorte de viver em casas com quintal, com conforto e tudo o que preciso. Mas também sempre gostei da liberdade de descer a rua e ir tomar um café, dar um passeio pelo parque ou simplesmente ir buscar algo ao supermercado que me esqueci de comprar. De repente, ter de ficar em casa por obrigação foi algo confuso. Primeiro, a preocupação pelo meu negócio que subsiste essencialmente pelas pessoas que se deslocam à minha loja para fazer as suas compras. E agora?

Como vão ser estes meses com a loja fechada? Depois, o medo invade as quatro paredes que sempre me pareceram tão seguras, porque não quero que o vírus entre de forma alguma. Nem aqui nem na casa dos meus! Muitos sentimentos à mistura e muita de necessidade de fazer coisas para compensar estar em casa. Tinha de trabalhar em dobro, criar novidades, arranjar métodos de venda novos, descobrir o que fazer para agradar os meus clientes. Também queria ajudar, contribuir para a sociedade enquanto estava confortável. Mas estou em casa e por isso também tenho de ter lazer a dobrar! Aproveitar para fazer tudo aquilo que nunca consigo fazer por falta de tempo. Com isso, ainda mais nervosa fiquei porque os dias passaram a correr nem sei bem como e acabava por não fazer tudo o que tinha pensado fazer. Era tempo de respirar e pensar: Calma. Esta situação não é de todo normal, podes parar um bocadinho e fazer as coisas ao ritmo que quiseres.

Fiz anos no decorrer do isolamento. Tinha um aniversário planeado, com amigos que não vejo há muito tempo e com a minha família. Foi um aniversário bem diferente, com vídeo-chamadas, um jantar mais calmo do que estamos habituados nas nossas festas de família, mas senti-me muito agradecida por saber que os meus estavam todos bem de saúde e de uma forma ou outra me acompanharam.

Agora vem uma fase nova! Estou novamente na minha loja, de máscara posta, munida de desinfectantes das mais variadas qualidades e ainda a aprender como lidar com isto. Mas acredito que estamos todos em aprendizagem e por isso devemos ter paciência e acima de ajudar-nos uns aos outros.

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