Somos Nós: Carla Jesus
No dia 12 de março, fui surpreendida pela notícia do encerramento das escolas (pelo menos dos edifícios) a partir do dia seguinte. No dia 16 de março, o dia do meu 44.º aniversário, estava a dar aulas de forma diferente, a receber instruções da Refood Caldas da Rainha para trabalhar de forma diferente e a comemorar o meu aniversário de forma diferente. A semana que se adivinhava de festa, porque numa das minhas turmas, três pessoas faziam anos, já não ia acontecer.
Para mim, o confinamento foi sinónimo de muito trabalho. Enquanto professora de informática, passei horas em videoconferências, a dar formação e apoio aos colegas, e enquanto voluntária da Refood, passei de um turno de 2 horas para um turno de 5 horas, pois número de voluntários diminuiu e o número de beneficiários aumentou.
Durante todo este tempo, empurrada pelas diversas emergências que apareceram à minha volta, reagi muito, agi um pouco. Ainda não tive tempo para pensar em tudo o que se passou, durante o confinamento, mas sei que o voluntariado faz, agora, mais sentido do que nunca. O confinamento acabou, mas não ficou tudo bem. Infelizmente, para que fique tudo bem, é necessário bem mais do que pintar um arco-íris, mas felizmente, para que fique um bocadinho melhor, por vezes, basta colocar alguns iogurtes no saco de uma criança.